Corrida eleitoral no Rio de Janeiro segue indefinida apesar das pesquisas colocarem Eduardo Paes como favorito
Na corrida eleitoral do Rio de Janeiro despontam como favoritos os nomes de Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos). De acordo com as pesquisas, Paes lidera com 30% das intenções de voto, seguido de Crivella com 14%. Em terceiro lugar aparece a delegada Martha Rocha (PDT) com 10% e Benedita da Silva (PT) ocupando a quarta colocação com 8%.
Os outros candidatos pontuaram abaixo dos 3% alcançados por Renata Souza (PSOL) e Bandeira de Melo (REDE). Ressaltando que 14 candidatos concorrem ao cargo de prefeito.
Apesar dos números apontados na pesquisa, tudo ainda é muito incerto. As eleições passadas nos ensinaram que com o aumento das campanhas pelas redes sociais toda expectativa criada em torno das pesquisas pode mudar em menos de uma semana. Um grande exemplo disso foi a eleição do governador, agora afastado, Wilson Witzel que virou o placar para cima do Eduardo Paes a dois dias da votação – com apoio de movimentos das igrejas neopentecostais,
setores da igreja católica e de candidatos bolsonaristas.
Outro fator que precisa ser considerado na pesquisa é o índice de rejeição. Nesse quesito Crivella lidera com 59%, seguido de Eduardo Paes com 30%. A candidatura de Martha Rocha é uma possibilidade para disputar o segundo turno, já que ela tem o menor índice de rejeição com apenas 6%.
São esses números que podem fazer a diferença na reta final dessa corrida. O peso da rejeição sempre arrasta o candidato para baixo, enquanto muitos eleitores escolhem pelo voto útil ao abrir mão de seu candidato favorito para confrontar uma proposta que considera inadequada para a cidade – votando na opção “menos pior”.
Não atoa, no primeiro e único debate até aqui Martha Rocha confrontou diretamente Eduardo Paes, que tem sido uma escolha alternativa para quem desaprova a conduta política do prefeito Marcelo Crivella. A candidata lembrou aos telespectadores que acompanharam o debate na Band TV que os investimentos para os megaeventos esportivos representavam uma oportunidade para tornar o Rio de Janeiro uma metrópole referencial. No entanto, o que ficou de legado foi uma prefeitura endividada, com a cidade a beira do colapso financeiro. Por isso, a delegada afirmou que “Eduardo Paes é um filme que, para os cariocas, não vale a pena ver de novo”.
Crivella também foi alvo de muitas críticas no debate, principalmente, pelos problemas recorrentes na área da saúde pública. Todos os candidatos atacaram sua gestão, alegando que o prefeito não cuidou das pessoas como prometido na campanha que o levou a vitória em 2016.
Um dos pontos altos do debate foi quando o candidato Luiz Lima (PSL) cobrou explicações sobre o caso dos “Guardiões do Crivella”, que intimidavam médicos, pacientes e jornalistas dispostos a denunciar os problemas no setor da saúde. Luiz Lima também criticou os cargos comissionados criados pelo prefeito para agradar seus aliados, acusando de praticar política partidária. O embate provocado pelo candidato do PSL, mesmo partido pelo qual o presidente Bolsonaro foi eleito, revela uma disputa pelo eleitorado conservador. As chances de Luiz Lima emplacar sua candidatura como representante da direita é justamente disputando os eleitores que apoiaram Marcelo Crivella no último pleito municipal. Por enquanto, sem receber apoio direto da família Bolsonaro como esperado, o candidato do PSL aparece nas pesquisas com apenas 1% das intenções de voto.
Na esquerda, as candidatas Benedita da Silva e Renata Souza disputam o mesmo eleitorado. A tendência é acontecer a migração de votos para a melhor colocada. Ou seja, Benedita poderia aumentar o seu percentual de votos nas urnas dependendo da repercussão de sua campanha.
Mesmo assim, será muito difícil para a candidata do PT chegar ao segundo turno – considerando também o fato de que o eleitor carioca mostrou-se mais à direita nas últimas eleições.
Cleber Araujo – jornalista/RJ
Imagem: arquivo Diário do Rio