PF realiza megaoperação contra serrarias que atuam na extração de madeira em terras indígenas no MA

Crimes acontecem há anos e têm contribuído para a destruição da floresta amazônica na região. Ao todo, 110 policiais federais atuam na operação.


A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (3) uma megaoperação batizada de ‘Pterodon’, que visa o cumprimento de 22 mandados de busca e apreensão e sete mandados de suspensão da atividade econômica no município de Barra do Corda, no Maranhão, onde foram registrados diversos crimes de extração ilegal de madeira da Terra Indígena Cana Brava.

Ao todo, 110 policiais federais participam da operação, além de servidores do IBAMA, Corpo de Bombeiros Militar (CBM), ICMBio e Batalhão de Polícia Ambiental (BPA).

A extração ilegal de madeira na região traz como consequência diversos conflitos com os indígenas, que, além de proteger o próprio território, tentam manter o que ainda resta da floresta amazônica na área.

Em Barra do Corda, a tensão é constante e, em 2019, a Força Nacional chegou a ocupar a Terra Indígena Cana Brava para garantir a segurança na região, após o assassinato de dois índios da etnia Guajajara, na BR-226.

Os motivos giram em torno de constantes assaltos na rodovia, ameaças às terras dos indígenas e ainda a construção de torres de energia dentro do território.

Cadeira produtiva de extração de madeira na Terra Indígena

Segundo a PF, na operação desta quarta (3) foram identificados diversos estabelecimentos madeireiros que atuam de forma clandestina, sem emissão de DOFs (Documentos de Origem Florestal), bem como seus possíveis proprietários.

Ainda segundo as investigações, a extração ilegal de madeira perdura há vários anos e abastece uma cadeia criminosa de serrarias, movelarias e depósitos de madeira. A ação têm causado grandes impactos ao meio ambiente e ao equilíbrio ecológico.

Para se ter uma noção, as madeireiras atuam livremente dentro do município e até dentro da Terra Indígena, que fica a aproximadamente 40 km do centro de Barra do Corda. Segundo a PF, isso demonstra a viabilidade econômica da extração de madeira em área protegida, o que proporciona lucro fácil.

O número total de madeireiras ilegais na região ainda está sendo contabilizado, mas já foram confirmados que há ao menos 14 empreendimentos que estão sendo alvos da operação.

A destruição das árvores da Terra Indígena Cana Brava, que faz parte da Amazônia Legal, acontece mesmo com a legislação que proíbe essa prática. Segundo a PF, os investigados nessa operação poderão responder por crimes como receptação qualificada, depósito de produto de origem vegetal sem licença válida, funcionamento de estabelecimentos potencialmente poluidores sem autorização, dentre outros, com penas que podem chegar a nove anos de prisão.

Números e tensão com indígenas

Somente de julho de 2021 a julho deste ano, foram detectados 177 alertas de desmatamento na Terra Indígena Cana Brava, por meio de imagens do satélite Planet (Programa BASIL M.A.I.S).

A conduta de armazenar, beneficiar e comercializar insumos florestais têm incentivado o desmatamento ilegal, a invasão em terras da União e os conflitos com indígenas da região, segundo a Polícia Federal.

Por causa da sensação de insegurança, os indígenas chegam até a organizar ‘batalhões’ entre eles para patrulhar e expulsar invasores. Eles são conhecidos como ‘Guardiões da Floresta’ e existem dentro das etnias Guajajara, Kaapor e Awa-Guajá, no Maranhão.

Os ‘Guardiões’ vigiam as trilhas abertas pelos madeireiros ilegais e flagram a ação dos criminosos, para depois entregá-los às autoridades.

Fonte: G1 MA
Foto: Divulgação PF

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